quinta-feira, 20 de maio de 2010

E pronto!


Perdoei-te no próprio dia... no momento em que o telefone soou e tentaste justificar o que nem tu sabias explicar.
Até devo ter sorrido, da mesma maneira que sorria sempre que chegavas à minha esquina no carro do teu avô.
Lembro-me de ensaiar a cara feia, de tentar não me esquecer que tinha que estar zangada, por causa daquelas coisas, que tinham tanta importância, que hoje já nem as recordo, mas que fazem parte das relações.
Assim que ouvia aquele barulho característico do carro antigo a gasóleo, tudo se esvanecia... Esquecia os meus ensaios, esquecia os meus motivos e os meus maxilares ganhavam força própria, revelando essa sensação que trazia só o facto de te ver...

A verdade é que te percebi... A verdade é que ainda te percebo... os tropeções, esses, não são teus, são nossos... nem todos percebem, às vezes, nem eu própria. Quando a consciência nos falha, a culpa é casada e não é connosco. É com outros... e por isso, é sempre mais fácil deixá-la do teu lado e poder seguir de consciência tranquila.

No fundo, no fundo, nem te perdoei, porque não era necessário. Porque não há regras para estas coisas. Gosta-se e pronto ou não se gosta e pronto. O resto são políticas que impomos a nós próprios ou deixamos que nos imponham. O resto são caminhos que se multiplicam, mas que vão sempre dar a Roma. O resto são nuances que, por mais que queiramos, nem sempre podemos perceber e muito menos controlar.

Por isso, no fundo no fundo, continuei a querer-te bem. A querer aquele menino que devorava historia e política. Que proclamava por um mundo melhor. Que sabia o que queria, mesmo sem saber como obtê-lo.

Eu, gosto de ti e pronto. E o resto são balelas!

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