segunda-feira, 15 de março de 2010

Desamigar

Se me perguntassem há uns anos se "desamigar" existe, eu diria, prontamente e com absoluta certeza, que não. Nem o verbo, nem o acto.
Infelizmente, a vida faz questão de nos mostrar que nem sempre isso é verdade. Continuo a acreditar piamente que há amizades que são para a vida e não duvido que as poucas que tenho o serão.
Agora vejo que isso depende, unica e exclusivamente, dos seus alicerces. De tudo o que constrói essa amizade, daquilo que estamos dispostos por ela, da confiança que lhe conferimos e do valor de que damos ao que oferece essa amizade.
Infelizmente, com o decorrrer da vida, surgem, também nas amizades, diferenças irreconciliáveis cujos alicerces não suportam. Quando não fazemos nós o balanço destas coisas, da mesma forma que a selecção natural se encarrega da natureza, a vida encarrega-se de nós e das nossas amizades.
É doloroso, não digo que não. Tão doloroso que há uns tempos atrás seria incapaz de escrever sobre o assunto com tanta leviandade. Porque doía e eu tinha medo de magoar ainda mais. E digo magoar ainda mais, porque estas coisas são como os divórcios, a culpa tem duas faces e eu sei perfeitamente qual é a minha.
As verdadeiras essas permanecem e eu sei, que permaceram muitos e muitos anos. Uma vida e até, talvez, um pouco mais.

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