terça-feira, 9 de março de 2010

Mais um para a estatistica

Estão juntos há tanto tempo que acreditam que já não sabem viver um sem o outro. E a verdade é que não sabem.
A paixão, essa, ficou nos tempos de miúdos, nos intervalos ente as aulas, nas primeiras saídas à noite.
Não são felizes, mas não o sabem.
Desconhecem o amor, mas não o sabem.
Só conhecem esta relação, que no fundo, no fundo é incondicional.
E acreditam que é isto o amor incondicional.
Talvez um dia, casem, talvez um dia tenham filhos.
Celebrá-lo-ão, felizes, da mesma forma que celebraram o seu compromisso, quando, miúdos,trocaram as primeiras alianças.
A aliança essa, continua, tal como o compromisso, a ser escondida. Todos os sábados à noite, em todas as saídas à noites. Esconde-se no bolso e o que não se vê, não existe.
Ele acredita que este é um amor incondicional. Só pode ser. Depois de todas as suas mentiras, todas as suas traições, todas as suas incongruências. Ela permanece à sua espera. E isso, só pode ser amor incondicional.
Ela acredita que este é um amor incondicional. São tantas que já se esqueceu de algumas. São tantas que já lhes perdeu a conta. Mas ele permanece seu. Vive aventuras, conheces outros mundos, mas é para o dela que ele regressa e isso, só pode ser amor, incondicional...

3 comentários:

Miss Kin disse...

Pois é, e se ela acredita mesmo nisso, consegue ser feliz... Ou talvez não. Essa é mais uma daquelas histórias em que ele só lhe faz, o que ela deixa que ele lhe faça.

Su m disse...

Fantástico este texto. Adorei do inicio ao fim.

Mas é impressão minha ou és sempre melancólica quando falas de amor?

Unknown disse...

E se ela se esconde na patética mania de sentir que é o mundo do outro que não a vê, com olhar de olhar!. Obsessão,doença,fraqueza,cobardia talvez de espalhar a alma pelo mundo, sem medo... sem medo de ficar sózinha e imune a quem trata uma mulher como sendo cadeira de estimação.